25/11. Dia Internacional de Combate à violência contra a Mulher
* Bira Kuhlmann
“Tapa de amor não dói.” “Em briga de marido e mulher ninguém mete a colher.” “Quando um não quer, dois não brigam.” “Mulher é prá esquentar a barriga no fogão prá depois esfriar no tanque” “Ela é como mulher de malandro, só obedece na base do tapa.” “Lugar de mulher é na cozinha” Você já ouviu com certeza pelo menos algumas dessas frases da “cultura popular”. Como pode uma sociedade dita civilizada admitir tamanha covardia e monstruosidade?
O combate à violência doméstica é um desafio complicado, pois é difícil haver testemunha de algo que ocorre entre quatro paredes. Quando há quem flagre, este muitas vezes pensa: “não devo invadir a privacidade do casal” ou “se eu me meter, vai sobrar para mim.”
Quanta covardia! Não existe nada que sequer chegue perto de uma justificativa para tal violência. E pensar que aqui no Brasil, até algumas décadas atrás, era considerada legítima defesa da honra assassinar a mulher adúltera! Ou seja, não era sequer tido como criminoso o marido que matava a mulher que o tivesse “traído”! O que ainda é uma realidade no Irã, por exemplo, onde o Estado faz esse “favor” para o corno, executando a “criminosa’! Se, na letra da lei, essa aberração jurídica não mais existe no nosso país, na mentalidade de muitos, isso é moralmente aceito, ou, no mínimo, considera-se como atenuante. Quanta hipocrisia! Quanto machismo! Quão repugnante é essa mentalidade!
Assassinatos, torturas, estupros, cárceres privados, atentados violentos, chantagem, podem estar ocorrendo há poucos metros de onde dormimos! Apenas em 2010, o ligue 180, da Central de Atendimento à Mulher deve registrar algo em torno de sessenta mil ocorrências apenas de lesão corporal! Números que não param de crescer, espero que por conta do aumento do número de casos que vem à tona, decorrente da maior disposição da vítima em procurar ajuda, e não porque haja um aumento de casos de violência.
Exemplos de quão impregnada está a relação de dominação machista em nosso meio aparecem em frases aparentemente inocentes. “Puxa! Que legal o seu marido deixar você sair sozinha!” Peraí! Quem disse que tenho o direito de deixar ou não ela sair? “Meu marido me ajuda em casa, lavando a louça!” Se eu “ajudo” é porque a obrigação é dela? Ou não faço mais que minha obrigação?
Se você é vítima de violência, procure ajuda, encontre um porto seguro e denuncie, até porque as coisas tendem a ficar cada vez pior se não o fizer. Se é testemunha, não se acovarde, não seja cúmplice e faça a denúncia.
Se você é um agressor, vá tomar uma cerveja na Antarctica e fique com os pingüins… Pensando bem, os pingüins não merecem sua companhia. Desapareça!
Se você é um agressor, vá tomar uma cerveja na Antarctica e fique com os pingüins… Pensando bem, os pingüins não merecem sua companhia. Desapareça!
Ubiratan Kuhlmann: bancário, militante sindical, universitário (atuária), músico, escritor, comunista, corinthiano, casado, pai de três meninos, velou a morte de um deles e de seu pai, Itagyba Kuhlmann.
Fico feliz em ver repercurtida uma matéria escrita por mim há um bom tempo em seu blog.
ResponderExcluirNão tenho peerticipado muito deste mundo "virtual" por falta de paciência e tempo. Mas é um canal de comunicação cada vez mais popular. Tenho que me adaptar aos novos tempos!
Obrigado, Bira Kuhlmann