segunda-feira, 26 de novembro de 2012

conhecendo as religiões afro- brasileiras...

Após uma minuciossa pesquisa sobre as religiões gostaria de compartilhar três sites que demostram como é uma o dia-a dia de uma casa de candomblé uma mistura de cultura religiosidade e projetos sociais.

 
 
Bankoma no desfile de carnaval.
 
 Motivado pela necessidade de dar visibilidade à efervescência no âmbito do Terreiro São Jorge Filho da Goméia, em Lauro de Freitas, o bloco afro Bankoma (povo reunido em festa, em Kikongo – língua de raiz bantu) é considerado modelo de gestão. A beleza das fantasias e a empolgação de seus dos mil integrantes vêm roubando a cena no Carnaval de Salvador. O terreiro ainda conta com projetos de capoeira, confecção de adereços, centro digital, dança afro entre outros, vale a pena conhecer muito interessante. Parabéns ao grupo.
 
 
 
CASA DE OSUMARÉ
 
 
O Ilé Òsùmàrè Aràká Àse Ògòdó, conhecido como Casa de Òsùmàrè, é um dos mais antigos e tradicionais terreiros de candomblé da Bahia. Ao longo de sua história, contribuiu de modo significativo para preservar e difundir a cultura africana no Brasil. Guardiã e detentora de uma tradição milenar, a Casa perpetua o legado ancestral do culto aos Òrìsà, lançando as sementes do que hoje representa o candomblé para o país e o mundo. Faz parte do panteão das casas matrizes responsáveis pela construção da religiosidade afro-brasileira.
 
Preservação da mamóriaLuta contra o racismoReligiosidadeA importância do TerritórioIdentidade QuilombolaQuilombolas - As novas geraçõesMulheres QuilombolasReligiosidade nas comunidades quilombolas
A melhor forma de entendermos o que é ser quilombola é ouvir dos próprios o que os definem como quilombolas
 
Visões Quilombolas
Visões Quilombolas
Tempo: 5 spots com duração média de 60 segundos e três mini-documentário com duração média de 10 minutos.
Tema: Identidade Quilombola; Território, Religiosidade; Racismo; Memória; Juventude Quilombola; Mulheres quilombolas.
Montagem: Sumaúma Documentários
Resumo: A temática quilombola tem sido foco de muitas reportagens jornalísticas que trazem erros ou opiniões contrárias aos direitos dessas comunidades. Esse contexto adverso foi um dos estímulos que levou KOINONIA, entidade que atua junto a comunidades há mais de dez anos, a produzir vídeos nos quais os próprios quilombolas falassem, sem porta-vozes, de sua história, presente e futuro

Intolerância religiosa
Programa Egbé
Tempo: 10 min
Produção: Sumaúma Documentários
Resumo: Exu/Inzila/Elegbara, o senhor de todo movimento, da comunicação e dos caminhos, nos ajuda a na comunicação e na convivência entre as diferentes formas de cultuar os Orixás, e com as diferentes formas de fé. É ele que auxilia o povo do candomblé na convivência com a diversidade. Mesmo assim as religiões de matriz africana são quem mais sofre com a intolerância religiosa.
 

Candomblé e Direitos

 
Candomblé & Direitos
Tempo: 5 spots com duração média de 4 minutos.
Tema: Identidade Quilombola; Território, Religiosidade; Racismo; Memória; Juventude Quilombola; Mulheres quilombolas.
Resumo: Série de vídeos produzidos pelo programa Egbé Territórios Negros, de KOINONIA. Com duração média de 4 minutos, esses spots apresentam depoimentos de participantes das oficinas de artes & ofícios realizadas em Terreiros de Salvador a partir de 2007
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               www.casadeoxumare.com.br/sobre-a-casa


brasileira.Museu de Arte Sacra da Boa Morte


 
Conheça a arquitetura barroca e as tradições culturais do espaço
Museu de arte sacra da Boa MorteMuseu de arte sacra da Boa MorteA câmera do Conhecendo Museus faz mais uma viagem ao Centro-Oeste do Brasil e conduz os espectadores pelas instalações do Museu de Arte Sacra da Boa Morte, que fica na Cidade de Goiás. O espaçoe é reconhecido pela Unesco como patrimônio histórico e cultural mundial por sua arquitetura barroca, tradições culturais e pela natureza.

A câmera percorre os corredores de arquitetura de construção em pau-a-pique e pedra de formato octogonal. Sua torre sineira externa possui um sino de som grave fundido na cidade em 1785. O espaço é um grande conservador da memória da arte sacra brasileira e fica no prédio da antiga igreja da Boa Morte.

As obras do museu são coleções de vários autores, com destaque para o artista Veiga Valle, o “Aleijadinho goiano” . Hoje, com aproximadamente mil peças, o acervo é composto de imaginária, prataria, mobiliário, porcelana, retábulos, indumentárias, gravuras e pinturas. Coroas, cálices, castiçais, tocheiros e lampadários dos séculos 18 e 19, peças de origem portuguesa e telas com temas religiosos completam o acervo.

O conhecendo museus já teve 15 documentários produzidos em sua primeira temporada, todos entre Minas, São Paulo e Rio de Janeiro. Agora, são 52 episódios de 26 minutos cada, com produção assinada pelo Instituto Brasieliro de Museus (Ibram/MinC), Empresa Brasileira de Comunicação (EBC), TV Escola (MEC) e Fundação José de Paiva Netto.


terça-feira, 20 de novembro de 2012

HOJE É DIA DE GANGA ZUMBA

Hoje é o Dia da Consciência Negra. A Lei nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003 incluiu a data no calendário escolar , tornando obrigatório o ensino sobre história e cultura afrobrasileira nas escolas. Com isso, os professores devem preparar aulas sobre história da África e dos africanos; luta dos negros no Brasil; cultura negra brasileira; e o negro na formação da sociedade nacional.

A data também é feriado em mais de 400 municípios, em homenagem a Zumbi dos Palmares, um dos líderes do Quilombo dos Palmares, localizado na Serra da Barriga, na divisa entre Alagoas e Pernambuco.

Zumbi nasceu em Palmares, Alagoas, em 1655. Mesmo nascido livre, foi capturado e entregue a uma família portuguesa. Aos 15 anos, ele fugiu para seu local de origem tornando-se o líder mais famoso do quilombo por ter lutado contra a opressão portuguesa. Morreu em 20 de novembro de 1695.
Outra conquista importante para a cidadania foi a aprovação da Lei 12.288, de 2010, que criou o Estatuto da Igualdade Racial e que, de acordo com a Seppir, orientou a elaboração do Plano Plurianual (PPA 2012-2015), resultando na criação de um programa específico intitulado "Enfrentamento ao Racismo e Promoção da Igualdade Racial”.


Quando tudo aconteceu...
1600: Negros fugidos ao trabalho escravo nos engenhos de açúcar de Pernambuco, fundam na serra da Barriga o quilombo de Palmares; a população não pára de aumentar, chegarão a ser 30 mil; para os escravos, Palmares é a Terra da Promissão. - 1630: Os holandeses invadem o Nordeste brasileiro. - 1644: Tal como antes falharam os portugueses, os holandeses falham a tentativa de aniquilar o quilombo de Palmares. - 1654: Os portugueses expulsam os holandeses do Nordeste brasileiro. - 1655: Nasce Zumbi, num dos mocambos de Palmares - 1662 (?): Criança ainda, Zumbi é aprisionado por soldados e dado ao padre António Melo; será baptizado com o nome de Francisco, irá ajudar à missa e estudar português e latim. - 1670: Zumbi foge, regressa a Palmares. - 1675: Na luta contra os soldados portugueses comandados pelo Sargento-mor Manuel Lopes, Zumbi revela-se grande guerreiro e organizador militar. - 1678: A Pedro de Almeida, Governador da capitania de Pernambuco, mais interessa a submissão do que a destruição de Palmares; ao chefe Ganga Zumba propõe a paz e a alforria para todos os quilombolas; Ganga Zumba aceita; Zumbi é contra, não admite que uns negros sejam libertos e outros continuem escravos. - 1680: Zumbi impera em Palmares e comanda a resistência contra as tropas portuguesas. - 1694: Apoiados pela artilharia, Domingos Jorge Velho e Vieira de Mello comandam o ataque final contra a Cerca do Macaco, principal mocambo de Palmares; embora ferido, Zumbi consegue fugir. - 1695, 20 de Novembro: Denunciado por um antigo companheiro, Zumbi é localizado, preso e degolado.
 
INDICAÇÃO DE FILME - BESOURO


 
 



segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Revista Café com Sociologia

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segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Com a palavra Da Matta e o futebol brasileiro.

Roberto DaMatta

Grande estudioso da sociedade brasileira, DaMatta acredita que a Copa seja uma oportunidade para se discutir como o futebol pode representar um instrumento de educação para um mundo mais democrático.
Redação
Roberto DaMatta
O que o antropólogo Roberto DaMatta espera de 2014? "Que sejamos campeões."
 
1. Por que o futebol é tão forte no Brasil? Qual o sentido contido na denominação do Brasil como “País do Futebol”?
O futebol exprime um elo positivo com o mundo moderno, o universo da Inglaterra das fábricas, dos bancos, do liberalismo e do Parlamento e, quanto mais não seja, do velho colonialismo porque os nossos descobridores portugueses foram dela seus protegidos e por ela colonizados. Neste contexto marcado pela ideia de que o mundo tem países adiantados e atrasados, o que corresponderia a raças superiores e brancas e as inferiores e negativas como as mestiças, o domínio do futebol que foi inventado na Inglaterra pelo Brasil é algo extraordinário. A excelência futebolística do Brasil, demonstrada nas primeiras décadas do século passado, desmente um monte de mitos e, naturalmente, forma outros. O ponto positivo foi que o futebol mostra que o colonialismo e a espoliação não são fatos totais. Os ingleses aqui chegavam e mandavam, mas perdiam no futebol que nós, mulatos preguiçosos, deles tiramos. Todas as teorias mais banais do imperialismo são desmentidas pelo futebol que veio de fora e foi por nós assimilado e desenvolvido com contribuições únicas em termos de estilo, jogadores, jogadas e excelência. Superamos nossos mestres que, quando eu era menino, eram tomados como imbatíveis e inimitáveis. A força do futebol entre nós tem, pois, essa associação com o positivo, com a civilidade e com a excelência diante do mundo que era muito rara entre nós. Nenhuma atividade teve o dom de nos proporcionar uma tão poderosa auto-estima quanto o futebol.
2. De que maneira o estudo do futebol como manifestação brasileira ajuda a entender o nosso país?
Ajuda a compreender como uma manifestação que veio de fora e tornou-se um elemento integrado na nossa paisagem social e mental. Ora, se pudemos fazer isso com o futebol, porque não podemos realizá-la na política, no ensino, e em outras áreas da vida? Sua pergunta mostra como o futebol virou um esporte brasileiro, ele que foi um esporte bretão.
3. O senhor poderia explicar a ideia de que o futebol proporciona à nossa sociedade uma experiência de igualdade e justiça social?
O futebol ensinou ao brasileiro que para existir esporte, disputa e competição é preciso haver um mercado de times ou de clubes que tenham feito um acordo sobre regras. Não foi por acaso, como eu digo no meu livrinho, A bola corre mais que os homens, que o esporte foi inventado na Inglaterra. A Inglaterra foi o país que inventou o liberalismo. Essas regras constitucionais, centrais que deveriam ser seguidas por todos: nobres e plebeus, burgueses e pobres. Até o rei tinha que obedecê-las. O esporte, como eu digo nos meus ensaios, é uma versão positiva e idealizada do mercado, da competição e da disputa. No esporte, controla-se mais e melhor quem é o mais apto e o mais competente. Os elementos de sorte ou azar, que fazem parte de todas as atividades humanas, são controladas. A ênfase no desempenho, no modo de jogar é absoluta. O adversário não pode ser visto como inimigo, pois o vitorioso precisa — no esporte — do derrotado para aceitar e legitimar a sua vitória. Se na vida matamos o inimigo, no esporte ele é cultivado, pois terá uma outra oportunidade no próximo jogo ou campeonato. Ademais, o futebol ensinou ao povo brasileiro, que vivia numa sociedade de senhores e escravos e até hoje vive num universo social de superiores e inferiores, que no campo e no jogo todos são iguais perante as regras que não podem mudar no seu decorrer (como ocorre na política) e que tem que ser por todos seguidas (diferentemente do que se sabe quando nos defrontamos com um sujeito rico ou do governo). Ao lado disso, o futebol oferece às massas, antigamente destituídas de tudo, a identificação com grupos vitoriosos. Ele produz uma relação prazerosa e vitoriosa em vidas que jamais viram o gozo ou a superioridade.
4. O senhor acredita que a realização da Copa de 2014 aqui reafirma de alguma maneira o caráter de potência do futebol ou a proximidade deste evento com os Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro relativiza este espírito “monoesportivo”?
Sem nenhuma dúvida. Eu penso que isso vai nos possibilitar uma vivência muito positiva do Brasil e de uma brasilidade nova: mais igualitária, mais cidadã e mais orgulhosa. Se, devo acrescentar, soubermos discutir o que o esporte e o futebol podem representar como instrumentos de educação para um mundo mais democrático.
5. De que modo a nossa diversidade cultural pode servir como recurso para a construção do produto turístico brasileiro?
O que chamamos de diversidade cultural não passa, mais das vezes, de tolerância com bolsões de miséria, ignorância e ausência de educação. O esporte aproxima pela igualdade, pela capacidade de disputar e poder vencer seguindo regras e respeitando o adversário, o que é novo em sociedades como a nossa. Essa aceitação do outro, essa possibilidade de jogar como se quer, como se pode ou se gosta, é uma virtude esportiva. Ela torna as pessoas diferentes, mais iguais no campo. Ela obriga a aceitar a derrota e a não tripudiar na vitória. Penso que são esses temas que devemos explorar para construir uma imagem positiva do Brasil. Pois pela nossa experiência de sociedade com escravos negros que tem preconceito mas não teve segregação, nós temos construído um sistema mais justo e igualitário e isso pode ser acelerado pelo esporte.
6. Em mais uma Copa a seleção brasileira entrará em campo com muitos jogadores que vêm atuando em outros países. Como o senhor analisa o possível conflito de identidade de um craque internacional jogando pelo seu país?
Não há o conflito. O jogador joga para o time e o contexto do jogo é muito importante. Todo mundo com a cabeça no lugar distingue uma pelada de uma Copa do Mundo. Um profissional sabe que, numa Copa, ele se valoriza na medida mesma em que, sendo um jogador cosmopolita e internacionalmente conhecido, ele joga com amor pelo seu país. Num mundo globalizado é preciso aprender a ser nacional e internacional. Falar inglês bem não nos faz traidores do português, nos faz mais competentes.
7. O senhor acredita que a escolha do Brasil para sediar a Copa do Mundo de 2014 está relacionada ao caráter emergente que o País vive no cenário econômico mundial? Em que medida a imagem do Brasil difundida por meio da Copa influencia esta percepção?
Há uma relação entre o sucesso econômico brasileiro e o fato de o País ser mais liberal e democrático, ou seja: mais tolerante e capaz de resolver seus conflitos políticos internos sem golpes, violência e crise institucional; bem como a nossa atitude de consistência relativamente a moeda e investimentos, com essas escolhas. São oportunidades de confirmar uma certa trajetória, melhorando o nosso desempenho.
8. Quais são as suas expectativas para a Copa de 2014 no Brasil?
Que sejamos campeões.
9. Torce para que time, por que o escolheu?
Sou Fluminense e isso é uma longa história que começou em São João Nepomuceno, Minas Gerais, em 1947.
10. Costuma ir a estádios? Lembra-se da 1ª vez em que esteve num estádio, como foi?
Sim. Foi no Maracanã em 1950, na Copa. Assisti com meu saudoso e amado pai e meus irmãos ao jogo Brasil e Iugoslávia, que hoje não mais existe como país. Falar disso equivale a realizar um exercício de memória muito emotivo e imenso.
11. Existe um momento inesquecível em suas lembranças de futebol que gostaria de reviver? Poderia descrevê-lo?
A sensação que tenho quando chego num estádio e vejo o campo verde, bem marcado de linhas brancas; o povo entrando cheio de expectativas. Em seguida, a emoção da entrada dos times e dos juízes. E, finalmente, o início do jogo. Isso me toca profundamente o coração. É o espírito humano inventando o mundo novamente; é o amor sendo posto em prática pelo companheirismo; é o respeito pelo que somos pois tudo termina e, quem sabe, começa novamente de uma outra forma. Meu interesse pelo esporte é idêntico ao que tenho pelo teatro e pela música, pela literatura em geral. Que emoção abrir as páginas de um novo livro e entrar no seu jogo. Saber que aquilo que estou prestes a ver tem um início, um meio e um fim.
Um dos mais importantes antropólogos contemporâneos do País, Roberto DaMatta é um grande estudioso do Brasil. Mestre e doutor pela Universidade de Harvard, foi chefe do Departamento de Antropologia do Museu Nacional e coordenador de seu Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social. É professor emérito da Universidade de Notre Dame, nos Estados Unidos, onde ocupou a cátedra Reverendo Edmund Joyce de Antropologia, de 1987 a 2004. Entre seus livros publicados, está A bola corre mais que os homens: duas Copas, de 2006.
Fonte: www.copa2014.turismo.com.br

futebol brasilerio: nosso patrimônio cultural

Futebol brasileiro: nosso patrimônio cultural merece ser cuidado

Doutor em Turismo e pesquisador do futebol, Sérgio Miranda Paz comprova a importância deste esporte na cultura brasileira e o respeito que desperta em torcedores de outras nacionalidades.
Arquivo Pessoal
Sérgio pretende levar à África do Sul a mesma bicicleta verde‑amarela com que passeou pela Alemanha.










A partir de 1863, quando suas primeiras regras foram definidas num “pub” londrino, o futebol se espalhou pelo mundo, conquistou corações e se tornou o esporte mais popular do planeta. Porém, como em nenhum outro país, foi aqui no Brasil que o futebol mais se identificou com seu povo. Como bem mostrou o jornalista inglês Alex Bellos em seu livro “Futebol – the Brazilian way of life”, originalmente escrito para leitores britânicos (e mais tarde traduzido para o português), “nenhum outro país é marcado por um único esporte, na mesma medida em que o Brasil pelo futebol”.
Em estudo recente [o autor refere-se à sua tese de Doutorado em Turismo, defendida em 2006 na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, sob orientação do Prof. Dr. Américo Pellegrini Filho], investiguei a presença do futebol nas mais diversas manifestações culturais e foi possível demonstrar sua enorme importância na cultura brasileira. O futebol é constantemente retratado na música, na literatura, nas artes cênicas, no humor, nos meios de comunicação de massa, no idioma, na política, nas artes plásticas e em tantas outras formas de expressão cultural.
Como pesquisador e amante do futebol, desde 1994 tenho ido acompanhar “in loco” as disputas das Copas do Mundo. Nessas viagens, tive a oportunidade de conhecer países fantásticos, como os Estados Unidos, a França, a Coreia do Sul, o Japão e a Alemanha. Tive a felicidade de estar presente em duas finais: a do estádio Rose Bowl, em Pasadena, Califórnia; e a de Yokohama, no Japão – justamente as que marcaram as conquistas do tetra e do penta. Mas posso garantir que, tanto quanto por essas vitórias da Seleção Brasileira, orgulho-me pela forma como o futebol do Brasil desperta a simpatia, a admiração e o respeito de torcedores de outras nacionalidades. Não tenho dúvida de que, se o nosso país goza de uma boa imagem no exterior, isso se deve principalmente ao nosso futebol e à nossa música popular.
É claro que nem tudo no nosso futebol é motivo de satisfação. Revolto‑me contra o excesso de fanatismo e de violência, que tem causado conflitos, tirado a vida de jovens e afastado as famílias dos estádios – sonho utopicamente que um dia as torcidas voltem a se misturar nas arquibancadas, como nos tempos em que comecei a frequentá‑las.
Preocupo-me com a decadência de clubes tradicionais, alguns sob a ameaça de desaparecer – gostaria que times como a Ferroviária de Araraquara, o XV de Piracicaba, o América e o Bangu do Rio de Janeiro voltassem a viver as glórias que um dia já tiveram.
Fico triste com a situação de penúria e esquecimento por que passam antigos ídolos dos gramados – gostaria que o jogador de futebol se preparasse melhor para sua vida depois de encerrar sua carreira, e sugiro que seja criado um “Salão da Fama”, do qual fariam parte os maiores craques da história, escolhidos por votação popular. Ao mesmo tempo, lamento o êxodo de jovens talentos indo buscar no exterior os salários e as condições de vida que não conseguem por aqui – defendo a existência de restrições legais à transferência de atletas brasileiros a times estrangeiros.
Incomoda-me a especulação imobiliária das grandes cidades, que tem provocado o desaparecimento de espaços para a prática informal do futebol – sou favorável à preservação dos campos de várzea e à criação de centros esportivos e de lazer para as populações residentes nas periferias das metrópoles.
Aborreço-me quando algumas pessoas demonstram desconhecimento ou até menosprezo pela história do futebol brasileiro, por suas conquistas e por sua importância para a nossa cultura – proponho que ele seja incluído nos currículos escolares como objeto de estudo e de pesquisa, desde a pré-escola até os cursos de pós‑graduação.
Lamento a irreversível elitização dos estádios, causada pelo contínuo aumento dos preços dos ingressos, excluindo torcedores mais humildes – jamais esquecerei as emoções do dia em que, no início dos anos 80, assisti a um Brasil x Alemanha, na pitoresca geral do Maracanã (que já não existe mais), ao lado de quase 200 mil torcedores.
Fico indignado que haja tantos dirigentes esportivos mal-intencionados, que se perpetuam em seus cargos para obter dinheiro ou poder, ou até mesmo por simples vaidade – desejo que essas figuras nefastas deem espaço para gente séria e honesta, que trabalhe pelo bem do esporte.
Discordo da apropriação do futebol por grupos privados – defendo a proibição da concessão de direitos de exclusividade de transmissão de jogos a grandes redes de TV, e a fiscalização dos contratos de publicidade obtidos em nome da Seleção Brasileira.
Felizmente, importantes ações já vêm sendo tomadas. É o caso, por exemplo, do Estatuto do Torcedor, que, embora ainda esteja longe de alcançar todos os seus objetivos, já conseguiu alguns resultados expressivos, como o respeito ao regulamento dos campeonatos, a divulgação prévia do local e do horário das partidas e uma maior segurança no interior dos estádios. É preciso, porém, reforçar e ampliar as pequenas conquistas alcançadas, pois aspectos como conforto e segurança ainda estão muito longe do ideal.
Outro motivo de minha alegria é a materialização de um antigo sonho, expresso em minha tese: a implantação do Museu do Futebol, no Estádio do Pacaembu, em setembro de 2008. Bem planejado, moderno, arejado, interativo... Enfim, muito atraente, ele tem recebido numerosos visitantes, das mais diversas idades e origens sociais. Em sua curta existência, aos poucos ele vai se transformando num verdadeiro centro cultural do futebol, ao realizar exposições temporárias e ao promover, em seu auditório, diversos eventos, como palestras, lançamentos de livros, exibições de filmes, encontros com ex-jogadores, etc. Em 2010, ele deverá sediar um simpósio sobre futebol, juntamente com instituições de respeito do meio acadêmico, como a Universidade de São Paulo e a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
Satisfeito com o Museu do Futebol, animo-me a acreditar que, em breve, outro velho sonho se torne realidade: a criação do Museu Pelé, em Santos–SP. Muitas promessas já foram feitas, mas, até agora, os projetos não saíram do papel. Infelizmente, a ideia da implantação desse museu no emissário submarino de Santos não foi levada adiante. Espero que se construa logo um palácio para que, por muitos anos ainda, o Rei do Futebol possa, ainda em vida, ser reverenciado por todos os seus súditos.
Acredito que o futebol possa ser mais bem explorado pelos profissionais do setor turístico. Agências de turismo especializadas, por exemplo, podem oferecer um serviço diferenciado a turistas em dias de jogos, além de roteiros turísticos que incluam visitas a museus, estádios, memoriais de clubes, centros de treinamento, bares temáticos etc. Alguns hotéis podem oferecer acomodações com decoração inspirada no futebol e disponibilizar a seus hóspedes vídeos de jogos antigos e de filmes sobre o tema.
Finalmente, aproveito este espaço para expressar a grande expectativa com que, como tantos brasileiros, aguardo os próximos sete anos, quando serão realizados, no Brasil, a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro.
Pessoalmente, misturo dois sentimentos. Por um lado, preocupa-me a forma como o dinheiro público será gasto e o que orientará as decisões, se política ou técnica, além do fato de termos uma história onde as ocorrências de gastos indevidos são episódios frustrantes no esporte e fora dele.
Mas, ao mesmo tempo, não posso deixar de ser tomado por essa onda de otimismo, de vontade de colaborar, de fiscalizar, de participar, de contribuir, enfim, de alguma forma, para o sucesso desses dois megaeventos. Mesmo morando em São Paulo, atuei como voluntário do Pan no Rio de Janeiro, em 2007, juntando-me a centenas de brasileiros de diversos Estados do País que lá estavam para dar sua contribuição, trabalhando lado a lado com milhares de entusiasmados cariocas. Espero reviver essa experiência na Copa e nos Jogos Olímpicos – já estou inscrito como voluntário das Olimpíadas de 2016; desta vez, junto com meus dois sobrinhos! Não tenho dúvida de que a participação popular será o ponto alto desses dois eventos.
Aliás, em relação ao Pan de 2007, reconheço que, lamentavelmente, muitas promessas ficaram muito longe de se cumprirem, como a total despoluição das águas da Baía da Guanabara e a extensão da rede metroviária da cidade. Mas não se pode negar que a organização das competições foi quase perfeita; que praticamente não houve problemas de violência; que o cenário da maioria das instalações era exuberante; que a cerimônia de abertura foi emocionante, no nível das aberturas dos principais megaeventos internacionais; e que a participação e o envolvimento da população do Rio de Janeiro foram altamente positivos.
Reconheço que megaeventos esportivos podem trazer benefícios econômicos diretos e indiretos. Mas acho ainda mais importante a chance que teremos de mostrar que, com o mesmo talento e competência que o mundo reconhece e admira em nossos futebolistas, nós, brasileiros, também somos capazes de organizar esses eventos e de receber nossos visitantes com hospitalidade e segurança.
Claro que vou torcer muito para que o Brasil ganhe a Copa em 2014, e para que muitas medalhas sejam conquistadas pelos atletas brasileiros, em 2016. Minha maior torcida, porém, é para que, quando o time campeão estiver celebrando sua vitória ou quando a pira olímpica estiver sendo apagada, todos nós tenhamos motivos para nos sentirmos orgulhosos por termos cumprido nossa tarefa com responsabilidade, competência, honestidade e transparência.
“Frequento estádios desde o final da década de 1960, levado por meu tio, Jupter Paz, corintiano fanático. Uma de minhas melhores e mais antigas lembranças desses tempos foi a sensacional virada do Corinthians sobre o time da segunda academia do Palmeiras, em 1971, numa tarde fria no Estádio do Morumbi. Aquela vitória, por 4 x 3, foi comemorada como se o Timão tivesse ganhado um título – o que já não acontecia há quase 20 anos! [Clique aqui para ver o vídeo deste jogo.]
Além dessa, as maiores emoções que vivi nas arquibancadas foram as conquistas do Campeonato Paulista de 1977 e das Copas de 1994, nos Estados Unidos, e de 2002, no Japão.
Mas o gol que mais gosto de rever é o último da conquista do tri no México, em 1970, marcado pelo capitão Carlos Alberto, recebendo um passe de gênio do meu ídolo Pelé, numa jogada de que quase todos os jogadores brasileiros participam, sem que um único italiano tocasse na bola – considero aquele o mais fantástico time destes meus mais de 40 anos de torcedor!” [Clique aqui para ver o vídeo deste jogo.]

Paulistano do Itaim Bibi, Sérgio Miranda Paz tem 50 anos de idade e é doutor em Turismo pela ECA‑USP, com a tese “O futebol como patrimônio cultural do Brasil: estudo exploratório sobre possibilidades de incentivo ao turismo e ao lazer”. Também é doutor em Engenharia Elétrica pela EP‑USP, bacharel em Ciência da Computação pelo IME‑USP e licenciado em Educação Física pela EEFE‑USP. Atua como docente da Faculdade de Ciências Exatas e Tecnologia da PUC‑SP e como projetista de equipamentos eletrônicos.
Apaixonado por esportes e viagens, corintiano e cicloturista, viveu in loco as emoções dos Jogos Olímpicos de Atlanta e de Sydney, do Pan do Rio de Janeiro (no qual trabalhou, como voluntário) e das quatro últimas Copas, tendo atuado como guia na França, em 1998. “Pé‑quente”, está “invicto” nos jogos de Copa da seleção em que esteve presente no estádio: já são 16 partidas sem derrota, incluindo as finais do tetra e do penta!
Fonte: www.copa2014.turismo.com.

EXCELENTE ARTIGO SOBRE PATRIMÔNIO CULTURAL E FUTEBOL.

Memória brasileira: o futebol, patrimônio cultural brasileiro

Por Fabiana Santos Dantas
 
O futebol é patrimônio cultural no Brasil.

É uma manifestação que vai além daquelas pessoas baratinadas correndo atrás de uma bola, e possui um significado profundo para a coesão nacional brasileira.

Se para os nativos da América Central o jogo de bola era uma metáfora para a criação do universo, com abordagem mitológica, no Brasil o futebol representa o continuum, a permanência. Há poucas certezas para quem vive no Brasil, e uma delas, é que haverá jogo de futebol no domingo, em qualquer de suas formas, desde a simples "pelada" até jogos entre clubes.

Os clubes de futebol, inclusive, estão entre as mais vetustas instituições brasileiras, sendo muitas delas mais que centenárias. Não é à toa que trazem os seus problemas e vícios tão enraizados, coisa que só o passar incessante do tempo consegue fazer.

O palco onde ocorrem os jogos é um lugar de memória. Os estádios brasileiros, alguns dos quais são exemplares da arquitetura modernista, são monumentos à paixão nacional.

Para assistir aos jogos os brasileiros vestem-se de maneira diferente, comportam-se de maneira diferente, entoam canções e loas especiais. Há uma gastronomia típica dos estádios, sendo uma de suas principais características as cólicas que provoca.

Há também uma mentalidade tradicional, que é na verdade uma desrazão, no cultivo de uma rivalidade que por vezes gera violências.

Essa manifestação cultural chamada "futebol" no Brasil é muito complexa, e contém os elementos de todo grande romance: paixão, vida, morte, cores, cheiros, sexo...É um momento humano com todas as suas contradições, tendo ao fundo pessoas baratinadas correndo atrás de uma bola.

Não há dúvidas de que o futebol no Brasil é um "lugar de memória" porque é um topos partilhado, aceito e transmitido pelo grupo social (SMOLKA, 2000, p. 188). É um indicador empírico do que é comum aos brasileiros, tão apropriado, tão nosso, que todos os dias há alguém vivendo e discutindo sobre futebol.

Embora aqui exista uma convenção de que "gosto não se discute", assim como não se deve discutir sobre política, religião e futebol, esse último assunto parece ser o mais presente. Basta que alguém comece que, imediatamente, tal como moscas no mel, juntam-se brasileiros para dar a sua opinião.

E não importa se o time é de primeira divisão, série a, b,c, z, ou se o campeonato é nacional, internacional, ou do time da rua de baixo contra o da rua de cima. As pessoas assistem, teorizam, explanam, e assim criam cultura.

No trabalho, em casa, nos bares a piada primeira é sempre sobre o time que alguém torce. Às vezes, o pedigree da pessoa é aferido pela sua afiliação futebolística: é comum ouvir "ou rubro-negro", "sou tricolor", "sou alvi-negro", além da identificação zoomórfica (sou peixe, porco, galo) que, sem dúvida, faz de nós uma das tribos mais estranhas do mundo.


REFERÊNCIAS

POLLAK, Michael. Memória, Esquecimento, Silêncio. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, vol 2, nº 3, p. 3-15, 1989.
SMOLKA, Ana Luíza Bustamante. A memória em questão: uma perspectiva
 
Fonte:direitoamemoria.blogsport.com.br

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

OIT e Serpro oferecem curso à distância sobre gênero e raça


BRASÍLIA (Notícias da OIT) - O Escritório da Organização Internacional do Trabalho (OIT) no Brasil e o Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro) lançarão, no dia 13 de novembro de 2012, uma nova turma do curso à distância, em língua portuguesa, para disseminação dos conteúdos do programa GRPE – Gênero, Raça, Pobreza e Emprego.
Lançado em março deste ano, o curso passou por uma fase de validação, por meio de uma turma piloto. Após a incorporação de sugestões para a melhora do sistema de avaliação, o curso será aberto para interessados/as.
O curso ficará disponível na UniSerpro Virtual, exclusivamente para funcionários do Serpro, e na Escola de Inclusão Sociodigital do Serpro, onde poderá ser acessado por pessoas de outros órgãos governamentais, empresas do Programa Pró-Equidade de Gênero e Raça, representantes de organizações de trabalhadores/as e empregadores/as e outros/as pessoas e organizações que tenham interesse no assunto. As inscrições para a nova turma do curso poderão ser realizadas a partir de 01 de novembro de 2012, na página da Escola de Inclusão Sociodigital (https://inclusao.serpro.gov.br.
Para realizar a inscrição na Escola de Inclusão Sociodigial são necessários dados como nome completo, CPF e e-mail válido.
GRPE é a sigla pela qual ficou conhecido o Programa de Fortalecimento Institucional da OIT para a Igualdade de Gênero e Raça, Erradicação da Pobreza e Geração de Emprego. Seu objetivo principal é promover a transversalização das dimensões de gênero e raça nas políticas públicas de erradicação da pobreza e geração de emprego, assim como nas estratégias e ações das organizações de empregadores e trabalhadores e outras organizações da sociedade civil comprometidas com o tema.
O principal instrumento do Programa, o Manual de Capacitação Modular, oferece uma sistematização dos conceitos e experiências desenvolvidas pela OIT e seus parceiros sobre esses temas e, nessa medida, contribui para o desenvolvimento da base de conhecimentos sobre a questão das desigualdades de gênero e raça e sua articulação com temas tão estruturais e fundamentais para a nossa sociedade como a erradicação da pobreza e das desigualdades sociais e a promoção do emprego.
Fonte: www.oitbrasil.com.br