segunda-feira, 30 de maio de 2011

Bancos implementam reivindicação da Contraf-CUT para combater discriminação

 A Febraban anunciou pela imprensa e já colocou em seu site uma ferramenta de recrutamento online de trabalhadores, que atenderá a vários bancos inscritos no programa. Essa é uma das nove propostas apresentadas pela Contraf-CUT, federações e sindicatos nos debates da mesa temática de igualdade de oportunidades, para democratizar o acesso aos bancos e evitar qualquer tipo de discriminação nas contratações. É uma conquista importante dos bancários, embora a Febraban tenha feito o anúncio unilateralmente e omitido que a proposta partiu do movimento sindical.
"A proposta é fruto da mobilização, da negociação e da estratégia dos bancários na busca da igualdade de oportunidades nos bancos. Esse é um fato positivo, mas infelizmente a Fenaban, em vez de dar a resposta na mesa de negociação, preferiu fazer o anúncio via imprensa, de forma unilateral. Isso é ruim para o processo negocial", afirma Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT.
"Aliás, queremos cobrar publicamente a Fenaban a retomar as negociações da mesa temática de igualdade de oportunidades", acrescenta Cordeiro. A rodada que estava marcada para o final de março foi cancelada pelos bancos e continua sem previsão de data de retomada.
Para a secretária de Políticas Sociais da Contraf-CUT, Deise Recoaro, a conquista dessa reivindicação "é resultado da mobilização dos sindicatos em todo o país, como a que fizeram por exemplo no dia 13 de maio, sob a bandeira Vamos Abolir a Discriminação e Promover a Inclusão. Essa conquista vai favorecer os excluídos, entre os negros e negras e pessoas com deficiência".
Construindo a igualdade de oportunidades
A Contraf-CUT apresentou na mesa temática nove propostas para combater as discriminações de raça, cor, orientação sexual e contra pessoas com deficiência. São elas:
1. Participação do movimento sindical nos programa de sensibilização de executivos, líderes e funcionário para os temas da igualdade de oportunidades.
2. Elaboração de um Plano de Cargos Carreira e Salário com critérios objetivos e transparentes como indicador de evolução de carreira.
3. Democratização do acesso às promoções por meio de editais ou informativos internos.
4. Garantia do retorno sem prejuízo para as gestoras em licença-maternidade, assim como para outros cargos e funções.
5. Ampliação da licença-paternidade para seis meses (biológico e adotivo) com base no princípio das relações compartilhadas.
6. Que conste da grade de treinamento de líderes e funcionários um módulo sobre a visão do movimento sindical no tema de igualdade de oportunidades.
7. Que a orientação sexual conste como indicador para o próximo senso.
8. Que o nível superior não seja critério para contratação.
9. Que os meios públicos de acesso às vagas (sites, publicações, imprensa, editais) sejam fonte privilegiada de recrutamento de pessoas com base nos indicadores de igualdade.

Fonte: Contraf-CUT

domingo, 15 de maio de 2011

Os trabalhadores e a questão dos correspondentes bancários.



Por Alan Rodrigues*

 
 
Recentemente o Banco Central do Brasil editou normas (res. 3954 e 3959/11) com o objetivo de regulamentar a contratação de correspondentes bancários pelas instituições financeiras brasileiras. Aparentemente afinadas com a política do governo federal de inclusão bancária da população, estas resoluções influem sobremaneira na sociedade e na forma de organização do sistema financeiro, além de gerar diversas repercussões no campo das relações de trabalho.
 
Antes de tudo, cabe lembrar que o objetivo inicial dos correspondentes bancários seria o de atender em alguns serviços básicos como abertura de contas, saques, depósitos e pagamentos de títulos, limitados a certo valor, praças desassistidas de agências bancárias, sendo inclusive necessário à suspensão do serviço do correspondente caso a localidade passasse a contar com posto de atendimento bancário (conforme res. 2.640/99).
 
A resolução 3.954/11 abre precedentes para que os correspondentes bancários possam vir a desempenhar praticamente qualquer atividade que hoje é desenvolvida nas agências bancárias, como exemplos, além das já citadas, comercializar cartões de crédito, operações de crédito, transferências bancárias, pagamentos de qualquer natureza, operações de câmbio, entre outras; parecendo criar, desta forma, certa confusão na sociedade tornando difícil e muitas vezes confusa a relação entre instituição financeira e seus correspondentes contratados.
 
Além disso, apesar do seu aparente caráter social de “inclusão bancária”, esta resolução traz uma série de atitudes nocivas aos trabalhadores, dando margem a um imenso processo de precarização das relações de trabalho, pois além da possibilidade de que praticamente qualquer tipo de sociedade possa exercer a função de correspondente, a nova resolução abre brechas para que os bancos e seus conglomerados possam criar as próprias empresas que atuem neste segmento. Na prática, isto significa que, ao invés de o banco aplicar um pesado investimento na abertura de uma nova agência, cumprindo todas as exigências para tal, ele poderá simplesmente contratar um correspondente, que comercializará praticamente todos os produtos e serviços oferecidos pela instituição.
 
Eis um baita negócio, reduz-se drasticamente os custos com instalações e infra-estrutura (por exemplo, correspondentes não precisam ter porta giratória detectora de metais),  aumenta-se a receita dos bancos, ampliando a oferta de produtos e serviços, evita-se custos com reclamações trabalhistas, e além de tudo isto, flexibiliza-se e precariza-se o trabalho, visto que, um comerciário recebe, em média, cerca de um terço do salário de um bancário, além dos demais direitos já conquistados em acordos coletivos. Além disso, estas resoluções parecem ameaçar seriamente a existência desta categoria que nos parece enxergar, no futuro, como um resumido grupo de controladores deste emaranhado de terceirizações e quarteirizações, que gerarão lucros cada vez mais fabulosos aos seus acionistas.
 
Cabe aos trabalhadores, assenhorar-se deste processo que tanto lhes diz respeito e não deixar que normas editadas por instituições que se preocupam, única e exclusivamente, com os interesses do mercado interfiram de forma tão cruel nas relações, já tão desiguais, entre trabalhadores e banqueiros. Esperemos também que o legislativo, que é quem de fato deve editar normas que influam diretamente nas relações de trabalho, sensibilize-se com a questão e leve, à sério, este debate à sua casa.


*Economista, secretário geral dos sindicato dos bancários do Pará e funcionário da Caixa Econômica Federal.

 

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Contraf-CUT discute combate à discriminação de bancárias com governo federal

Crédito: Agnaldo Azevedo
Agnaldo Azevedo A Contraf-CUT participou nesta quarta-feira, 4, de audiência com a Secretaria de Política para as Mulheres do governo federal, em Brasília, para discutir a situação da mulher bancária nas instituições financeiras. A representação das trabalhadoras foi recebida pela secretária de Articulação Institucional e Ações Temáticas da Secretaria, Maria Angélica Fernandes.

Estiveram presentes a secretária de Assuntos Jurídicos da Contraf-CUT, Mirian Fochi, a presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Juvandia Moreira Leite, e a presidenta do Sindicato dos Bancários de Pernambuco, Jaqueline Mello.

"Foi um encontro muito positivo, que marcou o início de um diálogo com o governo. Percebemos pontos de contato entre a visão do movimento sindical e a da secretaria no combate à discriminação de gênero nas empresas e em toda a sociedade", afirma Mirian. "Discutimos a criação de um cronograma de reuniões periódicas para podermos contribuir com os debates e potencializar as ações do ministério", completa.

"Levamos a pauta da mulher bancária, que envolve principalmente dificuldades de ascensão profissional e salários menores que os dos homens", disse Juvandia, após o encontro. "Existe um 'teto de vidro' que impede a chegada das bancárias aos cargos de chefia e ao alto escalão das instituições financeiras."

As trabalhadoras apresentaram dados do Ministério do Trabalho, que mostram que o salário médio das bancárias é 24% inferior ao dos bancários. A participação feminina nos cargos com maiores salários também é reduzida. Elas ocupam 53% dos cargos funcionais, mas apenas 19% das posições nas Diretorias e Superintendências.

A pesquisa Mapa da Diversidade, aplicada pelos bancos após muita pressão do movimento sindical, também foi apresentada ao governo federal. Segundo o levantamento, as mulheres ganham em média 78,6% do salário dos homens e esta diferença é registrada mesmo quando se considera cargos iguais, em todos os níveis. Dos cargos mais baixos, 53,3% são preenchidos pelas mulheres, enquanto as diretorias e superintendências são compostas em 81% por homens.

"A secretária recebeu nossas reivindicações e falou sobre os planos do governo para a mulher no Brasil. Ela lembrou que a Secretaria de Política para Mulheres assinou recentemente com a Fenaban um protocolo de intenções para estabelecer uma nova política de relações de trabalho entre os bancos e a mulher bancária", conta Jaqueline, destacando que a secretária se comprometeu a manter o diálogo aberto com os sindicatos.

Maria Angélica afirmou também que a Secretaria trabalha em conjunto com outros ministérios para que desenvolvam em suas respectivas pastas políticas prioritárias voltadas à igualdade de oportunidades, como independência financeira, que inclui igualdade salarial; infraestrutura e serviços públicos, cidadania e garantia de direitos, além de saúde e combate à violência.


Fonte: Contraf-CUT, com Seeb SP e Seeb PE